INFORMAÇÃO ADICIONAL
Em nenhum outro lugar da obra de Nikias Skapinakis a sua mestria fica demonstrada como nesta série de desenhos longos realizados em rolos de papel, ao jeito da pintura chinesa antiga ou do cadrave exquis surrealista.
Estas minuciosas paisagens urdidas a caneta por Nikias foram reproduzidas em serigrafia e valorizadas através de um estojo em bétula que permite guardar o desenho e contemplá-lo, desenrolando-o, ao ritmo de cada um. Um libreto informativo, com ensaios de Bernardo Pinto de Almeida e José-Augusto França, entre outros, completa a obra.
Esta valiosa peça, numerada e assinada pelo mestre Nikias Skapinakis, é ainda um belíssimo e luxuoso objecto decorativo, elegante e enigmático, capaz de sobressair discretamente em qualquer sala ou escritório.
CARACTERÍSTICAS
Livro
Impresso a duas cores sobre papel Coral, de 170 gramas Dobrado e cosido “a singer”.
Cilindro
Desenhado pela Coral Books e construído em madeira de bétula pela SPSS. Medidas: 178 x 84 mm.
Serigrafias
Impressas por Teresa Ramalheira na Coperativa Árvore em papel de arroz Wenzhou. Montanhas de Verão IV: 140 x 11 cm. Montanhas de Verão VIII: 240 x 11 cm.
"Os desenhos higiénicos, realizados com caneta, começaram em 1988 com a série de “Mapas Mundo” que passaram a designar-se “Montanhas de Verão” a partir de um encontro no Metropolitan de Nova York com uma série de pinturas chinesas antigas que se desenvolviam em rolos (da direita para a esquerda) e tinham esse título. O meu processo acompanhava o cadavre exquis dos surrealistas, contudo, diferenciava-se, como no caso dos mestres chineses, pelo conhecimento do que estava feito, que excluía o acaso surreal, favorecendo a coerência do discurso paisagístico."
Nikias Skapinakis
"Para os seus desenhos em extensão Nikias usou um outro material, mais fácil de manipular, o papel higiénico. Foi talvez a solução prática para encontrar um suporte (que tende também para o) ‘infinito’. O resultado é, simultaneamente, provocador, semanticamente humorístico (a nível do anedotário)."
João Pinharanda
"O resultado são pois desenhos aparentemente gestualistas, mas todavia contidos, que, no contraste entre negros e branco do papel (higiénico, como não poderia deixar de ser), ensaiam modelos de ritmo e de transcrição quase musical (ou, em todo o caso, processos parentes de uma ideia de notação escrita). Como se a higiene, aqui, constituísse antes de tudo uma atitude destinada a impedir o tal estilo de se fixar, num modo de se distanciar para o plano de uma quase objectualidade, projectando a possibilidade de se poder assistir à emergência do que se poderia designar como o avesso da pintura."
Bernardo Pinto de Almeida